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Os Males da Mistura



Renata W. Maschietto Batista1
Clodoaldo Rocha de Almeida2

A questão de pureza varietal (ausência de mistura de cultivares) em sementes forrageiras para pastagens apresenta características que, combinadas, podem resultar em riscos econômicos e operacionais para a atividade pecuária: ao mesmo tempo em que representa um potencial grande de prejuízo, é de difícil identificação no momento da compra. Este artigo procura abordar este problema e apresentar alternativas para contorná-lo.

Quando se fala em qualidade de sementes normalmente o que vem primeiro à cabeça do pecuarista é a questão da pureza física do produto: “... será que a semente que eu comprei realmente tem a pureza informada na etiqueta afixada em sua embalagem?”. Esta preocupação é justificável em um mercado que combina um número grande de empresas – boa parte delas com uma postura pouco séria com relação a seu produto – e carência de fiscalização por parte dos órgãos competentes. Neste cenário, é compreensível que o pecuarista fique com a sensação de estar sempre sendo enganado.

Para este problema existem remédios efi­cien­tes que combinam a remessa de uma amostra do produto adquirido para análise em um laboratório sério e independente até a avaliação da quantidade que a empresa recomenda de sementes por área para a forma­ção da pastagem – quantidades acima dos limites tecnicamente justificáveis são um bom termômetro para identificar produtos com pureza inferior à informada.

Outros indicadores de qualidade do produto são a ausência de ervas daninhas e a taxa de germinação da semente, elementos também aferíveis em testes laboratoriais, com maior ou menor eficiência.

Já no caso da pureza varietal a complexidade é maior. Sementes de diferentes cultivares de uma mesma espécie apresentam características físicas muito semelhantes entre si (dimensões, peso, aparência), dificultando e – em boa parte dos casos – inviabilizando tecnicamente a separação dos materiais no processo de beneficiamento e a identificação de misturas no laboratório.

Podemos citar exemplos disso dentro das espécies Brachiaria brizantha (cultivares Maran­du e Xaraés/MG-5) e Panicum maxi­mum (Tanzânia-1 e Mombaça). Estes últimos já podem ser considerados clássicos dentro do mercado de forrageiras: por serem sementes muito pequenas e semelhantes entre si, é muito comum encontrar produtos com altas taxas de mistura, que poderiam ser ironicamente batizados de “tambaça” ou “monzânia”.

Já no caso do Xaraés/MG-5 e braquiarão verificou-se nos últimos anos um fenômeno interessante: como normalmente existe uma diferença de preços entre as duas cultivares, algumas empresas usaram o artifício de misturar a mais barata (em geral o braquiarão) na composição da mais cara, tornando seu preço mais competitivo no mercado. Este tipo de fraude oferece menos risco para a empresa, pois – diferentemente do caso da pureza física – os laboratórios não realizam este tipo de análise. E, portanto, o artifício somente poderá ser percebido depois de estabelecida a pastagem.



Impactos da Impureza

Neste momento um leitor pode questionar: “... afinal, qual o problema de se utilizar sementes com mistura varietal?” ou “... no final das contas não é tudo capim, que o gado come sem reclamar?”.

Vamos aos fatos: o boi é um animal muito seletivo; se houver opção, ele escolherá o capim mais palatável, deixando de lado aquele que se destacar menos neste atributo. No caso de uma área com mistura de braquiarão e Xaraés/MG-5, o gado certamente consumirá de forma prioritária o primeiro (mais palatável), deixando de lado o Xaraés, que é muito exigente em termos de manejo – não se deve deixá-lo crescer muito, sob o risco de torná-lo fibroso e de comprometer a qualidade de forragem, dificultando o consumo pelos animais.

As misturas de Tanzânia e Mombaça oferecem os mesmos riscos (foto ao lado). No capim mais baixo (Tanzânia) ocorre super-pastejo, o que pode comprometer a perenidade da área. As plantas mais altas (Mombaça, sub-pastejadas) evitadas pelos animais, formam touceiras inviabilizadas para pastejo. Via de regra, o pecuarista manda roçar para igualar a altura do pasto, amenizando o problema, porém o manejo sempre estará comprometido. Ocorrem também misturas com outras variedades não comerciais de Panicum, como o “cana roxa”, “coloninho” e “sempre verde”, pouco produtivas como pastagem.

Adquirindo sementes com mistura varietal, o pecuarista poderá ter um prejuízo duplo: na hora de adquirir as sementes (pois provavelmente pagará o preço da mais cara) e, principalmente, após a formação, pois não conseguirá manejar nenhuma das cultivares de forma adequada.

Como se prevenir?

É muito difícil – se não impossível – diferenciar determinadas cultivares em laboratório. Porém, apesar da semelhança das sementes, as plantas apresentam características próprias que permitem diferenciar umas das outras.

A única forma de uma empresa ter controle sobre a ocorrência de misturas varietais em seu produto é vistoriar seus campos de produção em diferentes fases de seu desenvolvimento – no mínimo nos períodos de florescimento e pré-colheita.

Isso é o que se esperaria de qualquer empresa séria e comprometida com a qualidade de seu produto. A preocupação apenas com resultados imediatos e com o volume de comercialização faz com que muitas empresas releguem esta importante iniciativa para um segundo plano. Algumas acabam por não acompanhar as áreas de seus cooperados, evitando gastos de deslocamento na fiscalização – afinal os campos de produção são espalhados por diferentes regiões do país.

A JC Maschietto possui equipe técnica destacada para acompanhar e fiscalizar seus campos nas fases de produção. Somos rigorosos neste processo e, não raro, condenamos campos que, por algum motivo, apresentaram misturas varietais ou presença de plantas invasoras acima dos limites legais. Estes campos são classificados como inviáveis e desconsiderados para a comercialização.

Esperamos que este breve texto contribua para a conscientização dos pecuaristas, instrumentalizando-o para defender melhor seus interesses.

1 Eng. Agra MSc – Sementes JC Maschietto
2 Eng. Agro MSc – Sementes JC Maschietto


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