Quanto Vale a Semente com Qualidade?
A qualidade da semente de pastagem é um fator decisivo para o sucesso da pecuária intensiva. Embora muitos pecuaristas ainda foquem no custo inicial, a escolha de sementes de alta qualidade impacta diretamente a produtividade, a eficiência do pastejo e a lucratividade a longo prazo.
Atualmente, o mercado brasileiro de sementes de plantas forrageiras movimenta cerca de R$ 2,4 bilhões por ano e deve atingir R$ 3,3 bilhões até 2029, com um crescimento anual de 7% . O setor gera aproximadamente 50 mil empregos diretos e indiretos . O Brasil é líder mundial na produção e exportação de sementes de gramíneas forrageiras tropicais, atendendo não apenas o mercado interno, mas também países da América Latina e da África .
A Importância da Pureza Varietal
Quando falamos em sementes de qualidade, um dos aspectos cruciais é a pureza varietal. Em pastagens intensivas, a presença de variedades contaminantes pode gerar perdas significativas na eficiência do pastejo. Esse problema é comum em áreas semeadas com Panicum maximum (como Tanzânia, Mombaça e Colonião), onde a mistura de variedades interfere diretamente no manejo adequado.
Imagine dois produtores com níveis semelhantes de produção, mas com eficiências de pastejo distintas: um com 45% (média nacional) e outro com 70%. O segundo produtor terá custos de produção até 55% mais baixos, apenas por manejar melhor a colheita da forragem. Essa diferença evidencia o impacto direto que a qualidade da semente tem na rentabilidade da pecuária.
Como a Impureza Varietal Afeta a Produtividade?
A impureza varietal gera pastejo desuniforme, resultando em perdas sob duas perspectivas principais:
Manejo inadequado da espécie dominante: Ao ajustar o manejo para a cultivar principal (como Tanzânia), as variedades contaminantes não sofrem a pressão de pastejo necessária, tornando-se áreas subaproveitadas.
Superpastejo da espécie principal: Quando o pecuarista aumenta a pressão de pastejo para controlar as variedades contaminantes, ele prejudica a cultivar principal, que necessita de um resíduo pós-pastejo adequado (cerca de 25 a 30 cm para o Tanzânia) para rebrotar vigorosamente.
Essas perdas não apenas comprometem a qualidade da forragem disponível, mas também reduzem a longevidade da pastagem e aumentam os custos de manutenção.
Sementes de Qualidade: Investimento que Retorna em Lucratividade
A adoção de sementes com alta pureza varietal e elevado valor cultural (que combina porcentagem de pureza e taxa de germinação) proporciona uma formação de pastagem mais uniforme e produtiva. Além disso, a escolha de sementes fiscalizadas e com certificação garante maior segurança e eficiência para o pecuarista.
No cenário atual, tecnologias como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) têm ampliado a demanda por sementes forrageiras de qualidade. Esse sistema não só melhora a sustentabilidade, mas também aumenta a eficiência produtiva, com resultados comprovados em diferentes biomas brasileiros .
A Embrapa desempenha um papel crucial nesse avanço, com suas cultivares representando 60% do mercado nacional de sementes forrageiras, destacando-se o Braquiarão (48%) e as variedades Mombaça e Tanzânia (12%) .
Conclusão
Investir em sementes de qualidade não é um custo, mas um diferencial competitivo que potencializa a produtividade, reduz perdas e aumenta a lucratividade. A evolução do mercado de sementes forrageiras no Brasil é um reflexo do papel crucial da tecnologia na transformação da pecuária nacional.
Para quem busca maximizar os resultados e garantir a eficiência do manejo de pastagens, a escolha de sementes com qualidade certificada é um passo fundamental rumo ao sucesso.