A utilização de pastagens de gramíneas forrageiras tropicais continua sendo a base para uma pecuária leiteira sustentável sob os aspectos ambiental, social e econômico.
Com a alimentação representando de 40% a 50% dos custos de produção, é essencial investir em um volumoso de qualidade, produtivo e de baixo custo.
Para garantir um bom desempenho da pecuária leiteira, o alimento volumoso deve apresentar:
Confira o custo por tonelada de MS dos principais volumosos:
Alimento Volumoso | Custo de Produção (R$/t MS) |
Pastagem rotacionada de gramínea forrageira tropical | 50 a 70 |
Cana-de-açúcar | 90 a 110 |
Silagem de milho | 140 a 160 |
Feno de gramínea forrageira tropical | 170 a 220 |
(Fonte: EMBRAPA Gado de Leite, 2022)
Levando esses valores em consideração, a pastagem rotacionada de gramínea forrageira tropical se apresenta como a melhor opção para alimentação ao longo do ano. Além do menor custo de produção, evita gastos adicionais com mão de obra para distribuição do alimento aos animais, o que acontece no caso da cana de açúcar, da silagem de milho e do feno, por exemplo.
Sim, desde que a capacidade de suporte seja baseada na produção da forragem durante a estação seca. No entanto, essa estratégia pode resultar em uma lotação baixa, comprometendo a produtividade da terra, que é essencial para a rentabilidade da atividade.
A produtividade leiteira depende de dois fatores principais:
Uma propriedade de 10 hectares com lotação anual de 2 Unidades Animal (UA)/ha (1 UA = 450 kg de peso vivo) comportaria 20 UAs. Se 70% forem vacas e 80% delas estiverem em lactação, haverá aproximadamente 11 UAs produzindo leite.
Se a lotação aumentar para 10 UAs/ha, teremos 100 UAs na área:
No caso acima, a média de produção das vacas foi mantida para efeito de comparação. É evidente que a seleção do rebanho no sentido de aumentar a média de produção de leite deverá ser realizada. Neste caso, o uso dos alimentos concentrados é essencial para suprir exigências nutricionais, que porventura as pastagens não consigam atender (no geral, acima de 10 kg de leite/dia).
Mas como obter lotação média de 10 UAs/ha ao longo do ano, se durante a época seca do ano (Brasil central) as pastagens sofrem com a estacionalidade da produção?
Nessa época, será preciso utilizar outros alimentos, como cana de açúcar, silagem ou feno, como volumoso principal. A consequência dessa alteração no cardápio é o aumento do custo de produção, pois todos eles têm um custo de produção superior ao das pastagens e, além disso, necessitam de mão de obra para serem manuseados.
A volta ao uso das pastagens dependerá da elevação da temperatura ambiente, dos aumentos da intensidade luminosa e do fotoperíodo e do início das chuvas.
A irrigação surge como uma estratégia para minimizar os efeitos da seca, permitindo a utilização da pastagem por mais tempo ao longo do ano e reduzindo a dependência de outros volumosos oferecidos nos cochos, além de reduzir o custo de produção.
Com a irrigação, é possível estender o uso das pastagens para os meses de setembro, outubro e abril, além do período tradicional de novembro a março.
A partir de agosto, na região do Brasil central, fatores como temperatura, fotoperíodo e intensidade luminosa passam a limitar menos o crescimento das gramíneas forrageiras tropicais. Nesse período, a água e a nutrição das plantas tornam-se fundamentais para maximizar o crescimento vegetal.
A pecuária leiteira baseada em pastagens tropicais é viável e altamente rentável quando bem manejada. A adoção de técnicas como irrigação e suplementação estratégica pode ajudar a reduzir custos e melhorar a produtividade. Manter uma alta lotação é essencial para garantir o lucro, desde que a oferta de forragem seja suficiente ao longo do ano.