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Sementes Revestidas: argumentos versus fatos
Sementes JC Maschietto
Artigo publicado na Revista JC Maschietto nº 10, junho/2012

Muita coisa aconteceu na pecuária nos últimos 10 anos, em diversos aspectos e dimensões.

Do ponto de vista técnico várias novidades foram lançadas, e outras abandonadas. Algumas delas, com eficácia comprovada na prática, consolidaram-se no rol de alternativas tecnológicas à disposição do pecuarista, que testou e aprovou seus resultados. Outras novidades ficaram por aí mesmo, como ‘novidades’, no sentido mais efêmero e vazio do termo: são soluções bem empacotadas do ponto de vista de marketing, mas que prometem mais do que estão aptas a entregar, e sua consolidação junto ao mercado ainda é incerta. Neste sentido, saber separar o joio do trigo é importante para o pecuarista / agricultor não se ver frustrado e – pior – no prejuízo.

Colocando este prisma sobre as alternativas para tratamento de sementes de forrageiras é possível identificar quatro modalidades quanto à sua consolidação como tecnologia de resultados:

  1. Técnicas com eficácia comprovada: são processos com maturidade técnica consolidada, frutos de pesquisas formalmente conduzidas, produtos registrados e histórico de eficiência a campo. Fazem parte dessa modalidade:
    • Tratamentos com inseticidas: produtos com o ingrediente ativo Fipronil (Taj ou Standak) ou Thiamethoxan (Cruiser) têm eficiência comprovada contra insetos (formiga ‘rapa-pasto’ e cupim subterrâneo) que atacam nos estágios iniciais de formação das pastagens, carregando sementes ou atacando as plântulas em seu momento de maior vulnerabilidade, prejudicando de maneira definitiva o stand de plantas.
    • Tratamentos com fungicidas: para o caso em que a semente estará exposta a armazenagem em ambientes úmidos é importante prevenir-se contra o ataque de fungos.
  2. Técnicas em ascensão: são modalidades de tratamento com bons resultados obtidos em laboratório e em campos demonstrativos, mas que ainda carecem de mais testes práticos, e em diferentes condições, para se consolidar no mercado. Encaixa-se nessa modalidade o tratamento com polímeros, que podem proporcionar maior proteção à semente, na medida em que mantém os defensivos (inseticidas, fungicidas) mais ‘aderidos’ à mesma, aumentando a efetividade dos tratamentos, sem aumentar seu peso.
  3. Técnicas com demanda decrescente no mercado: são tecnologias cujos objetivos iniciais já não se justificam no atual sistema de produção de sementes, e são cada vez menos procuradas. É o caso da ‘escarificação’ de sementes, que nada mais é do que uma técnica (mecânica ou química) de retirada de uma camada mais externa da semente (tegumento) para promover a quebra da dormência. Isto era em parte justificável quando as sementes de brachiarias eram colhidas do cacho. Atualmente quase todas as cultivares são colhidas do chão – portanto mais maduras e com taxas de dormência irrelevantes.
  4. Técnicas com pouca efetividade quanto a seu custo-benefício: são modalidades de tratamento cujos argumentos de venda possuem alicerces técnicos ainda frágeis para o caso das forrageiras. Exemplo típico são as sementes revestidas (incrustadas, peletizadas, nucleadas ou outra nomenclatura comercial utilizada), que são obtidas através da agregação de material aglomerante que altera seu tamanho e peso. Nesses casos há promessas demais para resultados de menos, ainda não verificáveis a campo. Até o momento revela-se como uma tecnologia que agrega sim valor, mas não necessariamente para quem compra a semente, mas para quem a vende, que acaba comercializando material inerte a preço de semente.

Argumentos versus fatos
Analisando com mais detalhe o caso das sementes revestidas, com muitos lançamentos recentes e campanhas publicitárias que têm bombardeado a cabeça de pecuaristas e agricultores, vale a pena avaliar com critério seus argumentos de venda e seu custo / benefício econômico e operacional.
Para tanto comparemos a efetividade da técnica de revestimento com uma semente não revestida, porém com pureza alta e também tratada com inseticida e fungicida.

Tabela 1: Avaliação da validade dos argumentos de venda de sementes ‘Revestidas’
(Incrustadas, Peletizadas ou Nucleadas)

Analisando os resultados da Tabela 1, podemos agrupar os argumentos 1, 2, 3 e 7 dentro de uma mesma natureza: vantagens que não estão relacionadas à técnica de revestimento, mas sim ao uso de sementes de pureza alta (‘possui menor número de sementes chochas, meia grana ou de daninhas’, ‘aumenta a eficiência do plantio aéreo’) ou ao tratamento com inseticida (‘evita o ataque de insetos’).

Já os argumentos 4 e 5 devem ser analisados com mais critério, pois escondem ‘armadilhas’. Vejamos:

  • Argumento 4:     argumenta-se que as sementes revestidas têm pureza alta (em geral acima de 95%, segundo os vendedores). Será que têm mesmo? Vejamos... Segundo a regra de análise de sementes “...pureza é o percentual, em peso, de sementes puras de um lote de sementes...”. Vamos a um exemplo: para calcular a pureza de uma amostra de 10 gramas de sementes deve-se segregar o que é semente pura da espécie / cultivar do restante do material (torrão, sementes chochas, palha, sementes de outras espécies). Essa semente pura deve ser pesada. Se a pesagem resultar, por exemplo, em 6 gramas, a pureza dessa amostra é de 60%.

Pois bem, o revestimento da semente é constituído “...de material aglomerante que altera seu tamanho e peso”. Por teoria, retira-se torrão e palha, mas agrega-se gesso, calcário, grafite ou outros materiais, além de material aglutinante para promover a aderência. Isso pode aumentar o peso da semente em mais de 100%, o que não é considerado quando se analisa a pureza da semente revestida...
Avaliamos as sementes revestidas de Brachiaria brizantha cv Marandu de algumas marcas presentes no mercado e fizemos três comparações com uma semente da mesma espécie não revestida. Os números são reveladores...

Tabela 2: Comparação de peso e quantidade de sementes (ou ‘pelotas puras’) (*)
(Brachiaria brizantha cv Marandu)

Fica claro pela Tabela 2 que há algo errado com a alegada ‘pureza alta’ da semente revestida. Vejam: em comparação com a semente não revestida, a marca ‘A’ agrega cerca de 87% a seu peso (17,14g / 9,16g); já as marcas ‘B’ e ‘C’ agregam 121% e 110%, respectivamente!!! Isso reduz em mais de 50% o que podemos chamar de ‘pureza efetiva’, calculada considerando somente o peso da semente, e desprezando o peso do material inerte agregado.

Além disso, atente para o seguinte: a Regra de Análise de Sementes (RAS, 2009) define como ‘pelotas puras’ as pelotas inteiras, contendo ou não semente em seu interior! É possível que algumas pelotas contenham sementes de outras espécies, de daninhas, torrões... Em nosso levantamento encontramos estes três casos de ‘elementos estranhos revestidos. Ou seja, a pureza acima pode ser ainda menor...

Façamos outra comparação: se 1 grama de B. brizantha cv Marandu, sem revestimento, tem cerca de 109 sementes, uma embalagem de 20kg de pureza 95% terá aproximadamente 2.071.000 sementes puras (20.000 x 109 x 0,95). Já os mesmos 20kg de sementes revestidas das marcas ‘A’, ‘B’ e ‘C’ têm respectivamente 1.102.000, 931.000 e 969.000 sementes. Ou seja, adquirindo um saco da marca ‘B’ você receberá 1.140.000 de sementes a menos do que nos 20kg de uma não revestida!!

Vamos a mais uma conta reveladora: um saco de 20 kg da marca ‘A’, de alegados 76% de VC, tem o mesmo número de sementes puras de um saco de 20kg de uma semente não revestida de VC 40,4% (1.102.000 / 20.000 x 109), resultado de uma ‘pureza equivalente’ de 50,6. Veja na Tabela 3 os resultados dessa comparação.

Tabela 3:   Cálculo do VC equivalente de um lote não revestido para ter o mesmo número de sementes de um lote revestido em 20kg

Nada como colocar as coisas em uma mesma base de comparação para detectar armadilhas! E demonstrar que o percentual alegado – de mais de 95% - é na verdade uma ‘pureza maquiada’, pois induz o cliente a pagar por material inerte (gesso, calcário, grafite, aglutinante) a preço de semente (de valor muito mais alto).

  • Argumento 5:     é comum o vendedor de sementes revestidas argumentar que a alegada agregação de macro/micro nutrientes (cálcio, zinco, cobre, boro, molibdênio, magnésio, manganês, entre outros) propicia um melhor desenvolvimento inicial das raízes, potencializando e acelerando a formação da pastagem...

Vejamos a efetividade do argumento...

Toda semente – e a de forrageira não é uma exceção – possui em seu endosperma uma reserva própria de nutrientes suficiente para proporcionar o desenvolvimento de sua parte aérea e sistema radicular em uma extensão que pode passar de 10 centímetros sem necessitar de nenhum nutriente externo (apenas água). Veja na Imagem 1 uma plântula de B. decumbens cv Basilisk, aos 10 dias, colocada em papel mata-borrão, somente com água destilada, em condições adequadas de temperatura. Repare que, sem nutrientes adicionais, a parte aérea (folha) chega a 5 cm, e a raiz ultrapassa essa marca. Em outras palavras, a própria fisiologia da semente dispensa a disponibilização de micro e macro nutrientes nos estágios iniciais de plântula.



Imagem 1
: Plântulas de B. decumbens cv Basilisk, aos 10 dias, cultivadas no mata-borrão com água destilada, sem a ação de nutrientes externos

Mesmo na insistência de que estes nutrientes ainda podem ser aproveitados mais tarde pela gramínea, entendemos que essa quantidade é uma ‘gota no oceano’. Vejamos: se o pecuarista / agricultor aplicar uma taxa de semeadura de 10 kg/hectare, e o revestimento acrescenta cerca de 100% ao peso da semente, o volume do revestimento (que é formado em sua maior parte por materiais inertes – gesso e calcário – e não por nutrientes!) não chega a 5 kg/hectare...

Bem, demonstramos até agora que os argumentos 1, 2, 3 e 7 da Tabela 1 não são derivados do revestimento, e sim de outros processos e tratamentos que também podem ser obtidos com uma semente não revestida e pura. E também que os argumentos 4 e 5 carecem de sustentabilidade do ponto de vista técnico.

Só nos restaram os de número 6 (melhor plantabilidade) e 8 (proteção contra pássaros). De fato, o maior volume físico da semente revestida pode representar vantagens nestes quesitos. Porém, considerando que a plantabilidade já está sendo equacionada por novas gerações de equipamentos de plantio (ou adaptações às máquinas atuais presentes nas fazendas), essa vantagem acaba sendo atenuada.

E aqui lançamos uma questão importante: será que o custo maior de uma semente revestida, em comparação a uma semente sem este tratamento, é compensado por estas 2 ´’vantagens’?

Pois, assim como não existe almoço grátis, também não há tratamento sem custo. E, no caso da semente revestida, este custo pode estar escondido. Vejamos: alega-se que essa semente teria uma pureza de cerca de 95% (o que, já vimos, é questionável). Porém aceitando este percentual, chegaríamos a um Valor Cultural (VC) de 76% (considerando G = 80%). Para uma semente sem revestimento com este VC, a taxa de semeadura recomendada é de menos de 5,5 kg / hectare (400 pontos de VC por hectare para brachiarias, em plantio a lanço, já considerando margens de segurança e perdas). No caso de uma semente revestida de VC 76%, chega-se a recomendar 8, 10 e até 12 kg/hectare (!), em uma clara evidência de que seu VC não seja, na realidade, tão alto...

Para ficar mais claro este custo ‘escondido’, compare o custo por área para se formar um hectare com semente revestida (considerando a recomendação dos vendedores de 8 a 10kg / ha) e com uma semente pura, também de VC 76% (taxa de 5 a 5,5 kg / ha), multiplicando estes volumes pelos preços de venda de cada semente. Os números não mentem...

Compromisso com resultados

Nossa posição é muito clara com relação a tecnologias: elas devem resultar em ganhos de produtividade para quem usa nossas sementes.

Esta filosofia está embutida nas palavras de nosso fundador, Eng. Agr. José Carlos Maschietto: “A confiança de clientes é um sentimento difícil de conquistar, mas fácil de perder. Construímos nossa reputação em mais de 4 décadas oferecendo soluções de resultado aferível, que testamos em nossas fazendas e recomendamos. Com relação à técnica de revestimento há de fato anseio do mercado por ‘novidades’. Orientei minha equipe a apurar a efetividade a campo das soluções disponíveis no mercado e os resultados ainda não foram convincentes. Assim, não a utilizo em minhas fazendas e, portanto, não indico para meus clientes, já que creio não haver ainda argumentos sólidos que comprovem ganhos operacionais e econômicos. Mas seguiremos pesquisando: se surgir alguma nova tecnologia de revestimento, que represente efetivamente ganhos viáveis em formação de pastagens, não hesitaremos em adotá-la e recomendá-la...”.



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