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Lagartas em Pastagens
José Raul Valério
Embrapa Gado de Corte

Artigo publicado na Revista JC Maschietto no 07, setembro/2009

As lagartas são consideradas pragas ocasionais em pastagens, podendo ocorrer em níveis populacionais elevados. São duas as principais espécies de lagartas que atacam as pastagens: Spodoptera frugiperda e Mocis latipes. Ambas são capazes de desfolhar totalmente extensas áreas de pastagens.

Spodoptera frugiperda - este inseto é também conhecido como lagarta-militar ou lagarta-do-cartucho-do-milho. O ciclo biológico compreende quatro fases: ovo, lagarta, pupa e adulto. Nas condições de 25°C de temperatura, requer, em média três dias para o período de incubação dos ovos; 16-20 dias para o período larval; e 10 dias para período pupal. O adulto, que vive em média 15 dias, inicia postura ao redor do quarto dia de sua emergência. Cada fêmea oviposita em média 2000 ovos. Estes são colocados em massas com aproximadamente 70-90 ovos cada. Várias gerações podem ocorrer ao longo do ano.

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Spodoptera frugiperda

As lagartas após a eclosão, se alimentam, raspando as folhas. À medida que se desenvolvem, no entanto, passam a consumir as folhas a partir das bordas para o centro. Durante a fase larval, a lagarta-militar passa, em média, por seis estágios de desenvolvimento (ínstares). É nos dois últimos instares que a lagarta consome 85% do total que necessita para completar a fase larval. Na literatura encontra-se a informação de que essas lagartas consomem algo ao redor de 140 cm2 de área foliar para o seu desenvolvimento. Isto representa, em média, 2,7 gramas de peso verde de B. decumbens.

Ao término do período larval, a lagarta transforma-se em pupa, que fica localizada predominantemente no solo ou, eventualmente, sob restos vegetais ao nível do solo. Esta é uma informação importante quando se objetiva o controle químico deste inseto, devendo-se tomar o cuidado para não se aplicar o produto quando a maior parte da população estiver na fase de pupa, uma vez que esta estará protegida. Com base no tamanho das lagartas e na duração das diversas fases do ciclo do inseto, pode-se ter razoável margem de acerto quanto ao momento adequado para a aplicação. A pupa apresenta coloração marrom e consiste numa fase do desenvolvimento em que se processa a transformação da lagarta em mariposa. Essa mariposa mede aproximadamente 2 cm de comprimento e 3,5 cm de envergadura (asas totalmente abertas). As fêmeas apresentam as asas anteriores uniformemente cinzas, enquanto que as posteriores são brancas e transparentes com bordo levemente escurecido. Os machos, muito embora sejam também acinzentados, apresentam duas áreas esbranquiçadas na asa anterior, uma no ápice e outra na região mediana da asa.

Mocis latipes - para alguns esta é a mais importante das lagartas que atacam as pastagens. Também conhecida como curuquerê-dos-capinzais, esta lagarta é facilmente diferenciada da anterior, porque se locomove como se estivesse medindo palmos, enquanto a lagarta-militar se arrasta sobre a superfície das folhas. Os ovos são colocados sobre as folhas. A eclosão das lagartas ocorre após um período de 7 a 12 dias. Totalmente desenvolvidas, as lagartas medem em torno de 4 cm. Sua coloração é verde-escuro com estrias longitudinais castanho-escuro, limitadas por estrias amarelas. A cabeça é globosa também com estrias longitudinais amarelas. A fase larval dura aproximadamente 25 dias, após o que ocorre a transformação em pupa. Esta pode ser encontrada encoberta por folhas aderidas sobre a mesma por um frágil casulo, ou então no solo, ao redor das plantas. O período pupal tem duração aproximada de 14 dias, quando então ocorre a emergência do adulto. A mariposa mede aproximadamente 4 cm de envergadura, apresentando asas de coloração pardo-acinzentado.

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Mocis latipes

Controle: Recomenda-se que as pastagens sejam vistoriadas com atenção e frequência quanto à presença de lagartas. Observações devem ser feitas na superfície do solo, em meio à palha sobre o solo, colmos e folhas, e com atenção especial nas áreas recém-cortadas para feno ou após a aplicação de fertilizantes nitrogenados. Nestas condições, em especial a lagarta-militar, tende a aumentar em número, podendo causar sérios danos ao capim em franco crescimento.

Considerando que as lagartas, quando em altas populações, podem consumir toda a forragem disponível, recomenda-se que medidas sejam adotadas tão logo se constatem os focos iniciais. O ataque desses insetos se dá em reboleiras, assim sendo, o controle de focos iniciais apresenta a vantagem de que o tratamento se dará em áreas relativamente pequenas. Nessas áreas aplicar inseticidas de baixa toxicidade e curto poder residual (registrados para uso em pastagens), sendo necessário retirar os animais das áreas tratadas por tempo que dependerá do produto utilizado.

Há produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis que podem ser aplicados.  Como se trata de um inseticida microbiano seletivo para lagartas, não é necessário, nesse caso, a retirada dos animais das áreas tratadas. Outra importante vantagem de sua aplicação consiste no fato de que não elimina os inimigos naturais presentes na pastagem. Esses produtos são mais eficazes contra a curuquerê-dos-capinzais. Para o controle da lagarta-militar são necessárias dosagens relativamente maiores.

Alternativa adicional é concentrar animais nas áreas atacadas, procurando, com isso, aproveitar a forragem disponível antes que as lagartas o façam. Esta medida poderá ser adotada antecedendo eventual aplicação de um produto inseticida.

Essas lagartas, quando em níveis populacionais muito altos, podem apresentar um movimento migratório em que se dispersam caminhando sobre o solo.  Este movimento se processa de áreas com grande concentração de lagartas, e já com baixa disponibilidade de alimento, para áreas adjacentes, com abundância de alimentos.  Quando ocorre esse movimento, sugere-se a utilização de barreiras químicas, como a abertura de valetas cortando o sentido migratório.  Dentro dessas valetas são colocados produtos inseticidas.

LAGARTA ELASMO
Elasmopalpus lignosellus - A lagarta elasmo é potencialmente importante na formação da pastagem. O risco será maior quando, após a semeadura, prevalecer período quente e seco. Assim, recomenda-se atenção redobrada quando de plantios antecipados e/ou tardios. A seguir são apresentadas algumas características desse inseto bem como sugestão de controle.

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Elasmopalpus lignosellus

Trata-se de inseto de ampla distribuição geográfica, passível de ocorrer em todos os estados brasileiros. A lagarta, que é a fase responsável pelos danos, é pequena, atingindo, quando completamente desenvolvida, de 12-15 mm de comprimento. Apresentam coloração verde claro, sempre com bandas ou faixas (tipo anéis) transversais escuras. É característico dessa lagarta, quando perturbada, movimentar-se vigorosamente, contorcendo-se e, mesmo saltando para trás, na tentativa de se esquivar de possíveis agressores. Inicialmente, no geral até o terceiro instar, alimenta-se na superfície de folhas e raízes, vivendo no interior de um túnel de seda no solo ou sob restos vegetais na superfície do solo. Posteriormente, a lagarta perfura o colmo da gramínea penetrando no seu interior avançando no sentido apical. Essa perfuração ocorre ligeiramente abaixo, ou mesmo ao nível da superfície do solo. Outra característica desse inseto, é que a lagarta não permanece todo o tempo no interior do colmo, na realidade ela constrói um tubo de seda com partículas de solo (grãos de areia) externamente, que lhe serve de invólucro protetor. Este tubo permanece preso junto ao colmo, justamente encobrindo a abertura feita pela lagarta. É no interior do mesmo onde a lagarta transforma-se em pupa e, de onde, emerge como inseto adulto. Os adultos são pequenas mariposas alongadas de coloração escura, tendo as asas dobradas sobre o corpo quando em repouso. Devido ao pequeno tamanho e sua cor uniformemente escura, é inexpressiva, passando facilmente despercebida.

Os danos, então, são causados pela lagarta que funciona como uma broca minando o interior das plântulas das gramíneas, causando o murchamento, atraso no desenvolvimento, mas principalmente redução do stand, pela morte das plantas em fase inicial de desenvolvimento (sintoma denominado "coração morto").

Controle: Lembrar que se trata de praga esporádica e de importância localizada. Ocorre mais freqüentemente em solos mais leves e bem drenados, durante períodos mais secos do ano e mesmo logo após queimadas. Assim, redobrar a atenção, monitorando as áreas quando prevalecerem tais condições. O controle é difícil, considerando o hábito do inseto, ora sob o solo, ora no interior do colmo. Recomenda-se, no entanto, controlá-lo quimicamente logo após sua constatação, evitando que os danos se expandam na área. Os danos no colmo são permanentes, mesmo que eventual aplicação de inseticida contribua para a redução do número de lagartas, há de se avaliar a necessidade de replantio na área inicialmente atacada.



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