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O uso de leguminosas na cultura de pastagens
Renata W. Maschietto Batista e Clodoaldo Rocha Almeida

A cadeia produtiva brasileira da carne bovina vem apresentando números excepcionais em termos de desempenho em exportações, registrando crescimentos consistentes tanto em valores quanto em volumes de vendas nos últimos anos. Contribuíram para isso não só dificuldades conjunturais de alguns de nossos principais concorrentes, mas também características de nosso modelo de produção que tornaram a pecuária brasileira uma das mais competitivas do mundo.
Disponibilidade de extensas áreas para desenvolvimento e ampliação da atividade pecuária, condições climáticas e investimentos em tecnologia (inseminação artificial, suplementação alimentar, melhoramento genético, etc) foram alguns dos fatores que contribuíram para estes resultados.
Porém, o objetivo deste artigo é abordar e detalhar os benefícios de um outro fator que foi determinante para o sucesso de nossa pecuária: o desenvolvimento da cultura de pastagens no Brasil, destacando o papel que as leguminosas podem acrescentar neste processo.
Em tempos de "mal da vaca louca" e crescente preocupação com uma alimentação mais saudável, a produção pecuária a pasto ("boi verde") - que caracteriza o modelo brasileiro - tornou-se um diferencial importante em termos de características de produto, mas com reflexos também sob a perspectiva econômica: a base alimentar advinda da pastagem é a mais barata das alternativas nutricionais, posicionando a carne brasileira de maneira bastante competitiva no mercado internacional em termos de preço.
E, dentro da cultura de pastagens, o papel das leguminosas vem ganhando destaque não só pelos benefícios agronômicos - fixação de nitrogênio no solo, reserva de forragem - mas também pela redução de custos que o seu uso pode proporcionar na manutenção das pastagens.
A utilização de leguminosas na pecuária pode se dar através de três formas:

1) Como adubo verde
A adubação verde se caracteriza como a prática agrícola pela qual determinadas plantas (no caso, as leguminosas) são cultivadas com a finalidade de incorporá-las ainda verdes ao solo, promovendo seu enriquecimento em matéria orgânica e nutrientes, principalmente o nitrogênio (1). Outra forma de utilização do adubo verde é deixar a massa verde (roçada) sobre o solo até que se decomponha, para posterior incorporação.
Dentre as características que as leguminosas apresentam para esse fim destacam-se a grande produção de fitomassa, presença de sistema radicular profundo e fixação de nitrogênio atmosférico mediante o processo de simbiose com as bactérias do gênero Rhizobium. São vários também os benefícios gerados pela adubação verde: incorporação de N no solo, adição e manutenção de matéria orgânica, reciclagem de nutrientes, cobertura do terreno (minimizando os efeitos da erosão) e melhor aproveitamento de fertilizantes, entre outros.
2) Para pastejo em consorciação com gramíneas
Esta prática tem vantagens amplamente conhecidas por pesquisadores, extensionistas e por alguns pecuaristas. São inúmeros os estudos comprovando os benefícios técnicos, econômicos e ambientais promovidos pelas leguminosas nas pastagens. Um dos principais benefícios é que a leguminosa constitui-se como importante fonte de proteína para os animais, principalmente no período de baixo crescimento da gramínea (estação seca).
Embora se reconheça que potencialmente as leguminosas não se adequem a sistemas de produção intensivos, a demanda potencial por seu uso em sistemas com menor aporte de insumos é ampla, principalmente na recuperação de pastagens degradadas ou na sua introdução para melhorar a sustentabilidade das pastagens.

3) Para pastejo de forma exclusiva
O plantio de leguminosas exclusivas em áreas separadas, onde os animais têm acesso durante determinados períodos do dia ou do ano, é chamado de "banco de proteína" ou "legumineiras". Sua utilização ainda é bem reduzida, mas vem despertando interesse pelos pecuaristas.
Benefícios
Um dos principais benefícios da leguminosa na pastagem é a melhoria da produção animal, através do efeito da participação direta da leguminosa melhorando e diversificando a dieta do animal (as leguminosas em geral apresentam melhor valor alimentício - proteína bruta e digestibilidade são os atributos mais marcantes) e também do aumento da disponibilidade de forragem pelo aporte de nitrogênio ao sistema (através da sua reciclagem e transferência para a gramínea acompanhante).
Já sob a perspectiva econômica, as leguminosas podem representar vantagens na medida em que as gramíneas são grandes consumidoras de nitrogênio, sem o qual a produção de massa para forragem pode ser comprometida. Esta necessidade pode ser suprida através de adubação convencional, com o uso de adubos químicos. Como o uso destes insumos acarreta maiores custos para a manutenção da pastagem, a adoção de leguminosas consorciadas às gramíneas representa uma oportunidade de racionalização de custos, uma vez que o nitrogênio é adicionado ao solo naturalmente.

Utilização ainda é baixa
Apesar dos benefícios citados, a inclusão de leguminosas nos sistemas de produção tem sido baixa. Uma das principais causas para isso é a baixa persistência dessas espécies nas pastagens, o que pode ser atribuído a diferenças determinantes entre as gramíneas e leguminosas: taxa de crescimento, exigências nutricionais, tolerância a estresses edafo-climáticos, aceitação pelo animal, tolerância ao pastejo, entre outras.

Espécies
A Embrapa possui em seu banco de germoplasma um número significativo de espécies de leguminosas a serem investigadas. O convênio Embrapa - Unipasto tem viabilizado um avanço nas pesquisas de novos materiais de leguminosas com potencial de uso na cultura de pastagens. Apesar disso, as opções disponíveis atualmente no mercado são ainda pequenas - como os Stylosanthes (Mineirão e Campo Grande), Calopogônio, Leucena, Guandu, Mucunas, Crotalária, entre outras.
Enfim, os benefícios das leguminosas são inquestionáveis. Por isso, acreditamos que a demanda por este grupo de plantas tende a aumentar significativamente nos próximos anos no mercado de sementes forrageiras. Neste cenário, os institutos de pesquisa têm um papel de destaque no sentido de disponibilizar materiais que atendam a este aumento de demanda, caracterizado ainda por uma perspectiva de intensificação dos sistemas de produção e de aumento da integração lavoura-pecuária, o que incrementa a necessidade de espécies mais adaptadas a essa nova realidade.

(1) Fonte:- Dicionário Agrícola Brasileiro (Edusp)

Renata W. Maschietto Batista: Eng. Agra MSc - Sementes JC Maschietto
Clodoaldo Rocha Almeida: Eng. Agro MSc - Sementes JC Maschietto


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