Artigo publicado na Revista JC Maschietto ano 01, no 01, agosto/2003
Artigo: Quanto vale a semente com qualidade? Prof. Dr Moacyr Corsi
Prof. Dr. do Departamento de Zootecnia, ESALQ/USP, Piracicaba.
O mercado de sementes de plantas forrageiras movimenta cerca
de R$1,5 bilhões.
Além do valor cultural, devemos considerar outras
variáveis para definir a qualidade da semente quando exploramos pastagens
intensivamente. A pureza varietal é importante quando se pretende elevar
a eficiência do pastejo, ou seja, quando o manejo do pastejo é
realizado para se colher mais da forragem disponível ao animal.
Sem dúvida, a eficiência do pastejo é
uma das variáveis mais determinantes da economicidade do processo de
produção a pasto porque não envolve acréscimo de
custos mas, somente, manejo na eficiência da colheita. Imagine um produtor
cuja eficiência de pastejo fosse de 45%, como é a nossa média
de eficiência, enquanto outro teria eficiência de 70%. Com os mesmos
níveis de produção o segundo teria custos cerca de 55%
mais baixos que o primeiro. O valor é tão elevado que assusta
e torna-se difícil justificar porque se perde tanta forragem através
do pastejo.
Um dos fatores que eleva, significativamente, essas perdas,
reduzindo a eficiência do pastejo, é a impureza varietal, facilmente
percebida em pastagens semeadas com Panicum. Nessas pastagens é comum
verificar em áreas estabelecidas com a variedade Tanzânia, por
exemplo, moitas das variedades Mombaça, Tobiatã, Colonião,
etc, provenientes da impureza varietal da semente adquirida.
Muitas vezes o pecuarista não dá a devida
importância ao fato porque acredita que essa mistura de variedades não
é problemática por se tratar de plantas forrageiras da mesma espécie (Panicum maximum). Entretanto, quando se executa o manejo do pastejo para atender
ao Tanzânia, percebe-se que as demais variedades são pouco consumidas
e que as moitas se avolumam a cada ano, e a presença das variedades contaminantes
(Tobiatã, Mombaça, etc) aumenta.
O pastejo desuniforme (desigual) entre essas variedades
determina perdas na eficiência do pastejo através de, pelo menos,
dois aspectos:
1) o produtor procurando atender ao manejo da espécie
forrageira dominante: nesse caso, o Tanzânia não imprime pressão
de pastejo suficiente para o pastejo eficiente das variedades contaminantes.
2) o produtor aumentando a pressão de pastejo para melhorar o uso das
contaminantes superpasteja o Tanzânia, que requer resíduo pós
pastejo superior a 25 a 30 cm para apresentar rebrotas vigorosas.
Conclui-se que devemos esperar, a curto e médio
prazos, progressos em relação à pureza varietal das sementes
das plantas forrageiras para melhorar a eficiência do manejo do pastejo,
reduzindo custos de produção e melhorando a lucratividade dos
sistemas de exploração intensiva das pastagens.